Suponhamos que eu jogue uma pedra num rio, e essa pedra assuste um peixe que estava saindo. Quanto à ordem natural e ao que chamamos destino, estaria participando ou estaria interferindo? -Forfun.

~Um tempo do mundo.

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Posted by: Codinome Beija-Flor, 2 Comentários

Às vezes me dá vontade de me desligar do mundo, por alguns minutos ou poucas horas. Não bebo, não fumo, não cheiro. Há somente duas drogas das quais sou usuária, admito: a música e as palavras. E se isso for um vício, podem me internar, pois aprecio muito os momentos em que só existem uma caneta, um caderno em branco, música nos fones de ouvido, e eu.


~Entre tintas e livros. - Segunda parte.

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Posted by: Codinome Beija-Flor, 0 Comentários

Ele ficara nas nuvens, pensando o tempo todo naquela mulher misteriosa, que comprara um quadro dele que ninguém parava nem sequer para olhar. Julián guardou as coisas de sua banca, vendera alguns poucos livros naquele dia, e voltou para sua casa, na verdade, um pequeno apartamento no centro da cidade. Morava ali por ser perto de tudo, além de não ter conseguido algo melhor por tal preço. Assim que ele fechou a porta por dentro, limitou-se a ligar o rádio e se atirar no sofá, extremamente cansado, mas sorrindo sem motivo e lembrando de cada pequeno detalhe do rosto dela, da doce voz que ela tinha, de cada palavra que ela lhe dissera e os imaginando, aos noventa e tantos anos, andando em uma bicicleta de dois lugares ao entardecer. Antes que ele conseguisse adormecer, sentiu-se inspirado, levantou-se em um só pulo e foi em busca de pincéis e tintas e uma tela em branco. Nem se lembra em que momento caiu no sono em meio às tintas.


~Entre tintas e livros. - Primeira parte.

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Posted by: Codinome Beija-Flor, 2 Comentários

Ele era pintor. Um péssimo pintor, daqueles que nunca conseguia vender suas obras e que ninguém compreendia sua arte, por mais que tentasse. Aliás, muitas vezes nem mesmo Julián, o próprio pintor, entendia o significado do que pintava.
Ele tinha uma banquinha de livros usados, que ficava quase todos os dias na praça principal da pequena cidade. Lá, aproveitava para expor seus quadros, mesmo que ninguém os comprasse.
Em um dia como qualquer outro, surge uma mulher que ele nunca havia visto ali na praça da cidade. Ele acompanha sua silhueta vinda desde longe, até chegar tão perto que pôde ver seus penetrantes olhos azuis. Ela vestia um vestido florido, aparentemente feito à mão, calçava simples sandálias e tinha as unhas pintadas de vermelho. Seu cabelo era comprido e castanho e reluzia ao sol. O coração de Julián queria saltar para fora do peito, ou assim parecia. Então, quando de repente ele saiu do transe, ela estava em sua frente, estalando os dedos "Ei, dormiu?" dizia sorrindo, mostrando um sorriso branco que ele nunca vira antes. Ele não responde e ela continua "Quadros interessantes, os seus. Você os está vendendo? Por que eu queria saber o preço daquele ali da ponta.", apontando com seus dedos longos e finos. Ele sacode a cabeça sem nem acreditar e diz um preço qualquer à moça, que sorri e anuncia que vai comprá-lo. "Sabe, você podia cobrar mais caro por suas obras, o preço que você pede não cobre nem o material usado, sabe." Ele concorda com a cabeça, "Meu nome é Julián" e estende a mão involuntariamente "Muito prazer, Julián, mas agora já tenho que ir, estou com pressa", ela paga o quadro e sai, o carregando debaixo do braço "Ei, não posso saber seu nome?", ela apenas abre o sorriso branco e vai sumindo entre as pessoas.


Eu odeio isso.

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Posted by: Codinome Beija-Flor, 2 Comentários

Muitas vezes nos enganamos quanto às pessoas, somos enganados ou a verdade é omitida. Odeio isso. As coisas não são esclarecidas e tudo é incompreensível. Odeio isso. As pessoas nos escondem as coisas, pensam que nos enganam. Odeio isso. Nos deixam por fora da situação, completamente sem rumo ou ideia do que esteja se passando. Odeio isso. E então, quando pensamos que as coisas vão começar a dar certo, vem aquela pomba e defeca em você. Tudo dá errado, você já não compreende mais nada. O que acontece então? As pessoas resolvem ficar de mal, mesmo que você não saiba o motivo. E então, você acaba perguntando a todos a sua volta se sabem o que aconteceu, o porquê de tudo isso. Essas pessoas não sabem ao certo, então contam suas versões imperfeitas e tudo se mistura, entre o que aconteceu e o que as pessoas acham que aconteceu. A verdade é distorcida. E agora, quem pode provar realmente o que aconteceu? Odeio isso.